segunda-feira, 9 de julho de 2012

Eles chamaram a atenção de Jesus III



Enfim chegamos ao final de mais uma sequência de posts. Antes de mais nada gostaria de me desculpar pela demora deste último post e por não publicar outros enquanto trabalhava neste em especial, pois nestas semanas estou participando na organização de alguns eventos que só me possibilitaram tempo para dedicar-me a um assunto. Além da dificuldade de tempo, confesso que este post foi um dos mais trabalhosos com que me deparei, porém nosso Deus sabe de todas as coisas e creio que este tempo de estudo, oração e dedicação no assunto não estava fora do conhecimento Dele. Esta é a última história de “Eles chamaram a atenção de Jesus” e a oportunidade para Deus falar particularmente em cada coração, portanto querido leitor, leia esta mensagem com o coração aberto e esteja sensível ao falar do Espírito Santo, pois a Palavra de Deus não volta para Ele vazia (Isaías 55:11). Boa reflexão!
Tamanho não é documento...
Lucas 19:1-10
O tempo da crucificação estava cada vez mais próximo e Jesus já estava a caminho de Jerusalém. Pela possível trajetória de Jesus à Jerusalém, Jericó não entraria necessariamente no roteiro das cidades que rumavam para lá, porém Ele desviou-Se da trajetória atual para passar através de Jericó. Jesus não era um viajante inexperiente, mas havia uma razão para tardar a chegada ao Seu destino.
Foi chegando a Jericó que o Senhor restaurou a visão a Bartimeu e curou a mulher da hemorragia. Porém a missão do Mestre naquela região ainda não havia se completado. Nesta mesma cidade residia Zaqueu, chefe dos publicanos (cobradores de impostos). Sua posição certamente o favorecia economicamente, mas para isto ele tinha de pagar um preço: ser odiado por seu próprio povo. A sociedade não o tinha em estima, pois cobradores de impostos eram considerados mercenários por seus conterrâneos e ironicamente considerados traidores pelos Romanos (a quem prestavam este serviço), pois extorquiam o próprio povo. Como se não bastasse a rejeição social, Zaqueu era um homem de pequena estatura, o que possivelmente fazia-o alvo de comentários, olhares e brincadeiras inconvenientes. Esta aí um homem que, segundo a compreensão popular e religiosa da época, tinha todas as características de quem passa despercebido ou é desprezado diante dos que se consideravam “santos”... Era rotulado um potencial pecador. Mas Zaqueu não era tão pequeno e insignificante diante daquEle que de fato É Santo!
Apesar do desprezo, este chefe dos publicanos tinha status econômico. O dinheiro pode ter dominado por muito tempo o trono do seu coração, mas naquele momento o coração de Zaqueu desejava apenas uma coisa:
“Ele queria ver quem era Jesus, mas ão podia por causa da multidão, por ser ele de pequena estatura”. (v 3)
Creio que a descrição bíblica “ele queria ver quem era Jesus” não é relativa, mas pessoal. Não está relacionada ao que Jesus fazia, tampouco aos acontecimentos que giravam em torno Dele, mas esta descrição foca na própria pessoa de Jesus Cristo . Ao contrário da maioria que estava ali pelos fatores externos, Zaqueu queria ver de fato quem era a pessoa denominada o Cristo, ou seja, o Ungido de Deus.
Mais uma vez a figura da multidão está presente cercando o Mestre, dificultando o acesso à Ele e no caso do pequeno Zaqueu, dificultando até mesmo a visão. Não é por um acaso que nestas 3 histórias a multidão aparece como elemento de dificuldade ou desmotivação. Atualmente a figura da multidão pode ser representada por tudo o que dificulta e obstrui o nosso acesso e visão de Cristo. As tribulações (vistas da ótica natural distorcem nossa visão de Cristo), pessoas negativistas ou que aparecem em nosso caminho simplesmente com o propósito de nos afastar do Senhor e a ostentação pelas coisas deste mundo sugerem a multidão dos nossos dias.
Ser pequeno parece ser outra dificuldade. Agora não me refiro à altura, mas a pequenez do nosso “ser”. O “ser pequeno” em si não é o problema, mas a forma como muitos lidam com este estado interior. Para alguns “sentir-se pequeno” pode ser sinônimo de dois sentimentos: inferioridade e rejeição. Associado a acontecimentos passados ou atuais, esta ideia de se sentir pequeno pode ser resultado da rejeição ou ausência dos pais, inferioridade diante do sucesso de outras pessoas, desvalorização pela sociedade. Toda essa carga pode criar uma falsa ideia de que o indivíduo é pequeno demais para ser visto por um Deus no qual a “multidão” faz parecer estar longe.
O “ser pequeno” que devemos considerar está associado ao fato de sermos dependentes de Deus. A nossa natureza humana caída nos limita, tornando-nos pequenos no modo de pensar, de ver, entender, amar e viver uma vida plena. É mediante o nascer de novo que obtemos a plenitude do “ser”. Quando Cristo vive em mim posso viver de maneira plena, pois Ele transcede minhas limitações.
Zaqueu, talvez que inconsciente, desejava esta plenitude. Por essa razão correu adiante e subiu numa figueira brava para ver o Mestre, pois Ele passaria por ali (v 4). Ao passar por debaixo da árvore, Jesus instantaneamente olhou para cima e chamou Zaqueu pelo nome (v 5). Desta vez não foi necessário gritar para Jesus nem ao menos tocá-Lo. Antes mesmo de entrar em Jericó, o Senhor conhecia muito bem quem estaria em cima daquela árvore: um cobrador de impostos pequeno na altura e no ser, rico em posses, porém rejeitado pela sociedade, com um coração desejoso não de ver curas extraordinárias ou pães e peixes se multiplicando, mas um coração desejoso de ver quem Ele era e a oportunidade de um milagre maravilhoso. Aqui entendemos o desvio de Jesus para esta cidade: Ele foi atraído a Jericó (talvez o maior incentivo) pelo que estava no coração de Zaqueu.
Jesus pede para que o pequeno homem desça rápido, pois Ele queria ficar em sua casa “hoje”. É importante prestarmos atenção no sentido do que Jesus disse e sua duplicidade: Quando Ele diz “quero ficar em sua casa hoje”, o ficar não se refere à uma hospedagem comum, mas a uma permanência especial. O hoje não limita essa permanência àquele dia apenas, mas “de hoje em diante”. A duplicidade desta frase está na palavra casa. Jesus não quer apenas permanecer numa casa física (provavelmente de blocos de pedra), mas a primeira qualidade de casa à qual Jesus se refere é o lar de Zaqueu e sua família. A segunda qualidade de casa na qual Jesus deseja permanecer afirma o amor incondicional do nosso Deus. “Quero ficar em sua casa hoje” na verdade é Jesus dizendo “Zaqueu, quero ficar em seu coração hoje, transformá-lo e fazer morada permanente nele”!
Como a Palavra de Deus é poderosa! Apesar de Jesus ainda não ter consumado sua obra na cruz, ascendido ao céu e enviado o Espírito Santo, Ele deu a Zaqueu a perspectiva do que estava prestes a acontecer após o cumprimento de sua missão neste mundo. Certamente havia pessoas “melhores” que Zaqueu, com vidas exemplares, fiéis observantes da lei e melhores aceitos pela sociedade, porém Jesus quis ficar na casa de um cobrador de impostos, mal visto e desprezado pela sociedade (v 7). O Mestre não deu maior importância a quem Zaqueu era naquele momento, mas a quem ele se tornaria em breve. Esta, queridos leitores, é a graça de Deus sobre os homens!
Zaqueu imediatamente desceu da árvore e recebeu Jesus com alegria (v 6)! Que momento maravilhoso: o cobrador de impostos recebe Jesus em sua vida, e o Santo entra na vida de um pecador potencial trazendo! A manifestação desta salvação está na transformação:

“Zaqueu levantou-se e disse ao Senhor: ‘Olha Senhor! Estou dando a metade dos meus bens aos pobres; e se de alguém extorqui alguma coisa, devolverei quatro vezes mais”.
“Jesus lhe disse: ‘Hoje houve salvação nesta casa! Porque este homem também é filho de Abraão”...(v 8 e 9)
A presença de Jesus na vida de Zaqueu trouxe-lhe salvação. A salvação gera arrependimento, e o arrependimento gera necessidade de transformação. Estas são as características da vida na qual Cristo ficou. A presença do Senhor no viver do ser humano não é passiva, mas ativa. Esta Presença transforma a maneira de viver, ações, pensamentos, escolhas e tudo o que engloba nosso ‘ser’! Naquele dia, houve salvação na casa de Zaqueu, e a primeira ação transformada que este homem teve foi a de ressarcir os que foram prejudicados por suas ações pecaminosas. Querido leitor, não existe salvação sem transformação! Aquele que se diz salvo e permanece na velha vida, praticando os mesmos pecados, pensando e agindo da antiga maneira, engana-se, pois “Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, pois o remendo forçará a roupa, torando pior o rasgo. Nem se põe vinho novo em vasilha de couro velha; se o fizer, a vasilha rebentará, o vinho se derramará e a vasilha se estragará. Ao contrário, põe-se vinho novo em vasilha de couro nova; e ambos se conservam” Mateus 9:16 e 17.
Zaqueu foi um dos personagens que se destacaram na trajetória bíblica. O Enredo de sua história foca a Salvação, porém é rico em cura (interior), ressurreição (da auto estima) e provisão (de alegria). Muitas vezes lemos a história, ouvimos a pregação, cantamos a música, mas não notamos com tanta relevância os milagres que ocorreram a partir da descida daquela árvore.
Concluímos com estas 3 histórias que, quantas vezes forem necessárias Jesus tornará a desviar-se do seu rumo atual para ir em busca daqueles que lhe chamaram a atenção. Seja um pobre cego, uma mulher simples ou um rico infeliz, Jesus não será atraído por sua aparência física, posição social/econômica ou preferência cultural... Se você quiser chamar a atenção do Mestre, basta a fé e um coração aberto para Ele. Certamente Este Jesus irá encontrá-lo, pois “o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido” (v 10)! É para isso que Ele veio e é para isso que Ele vem!
Um forte abraço!
Carol Mattos

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