Enfim
chegamos ao final de mais uma sequência de posts. Antes de mais nada
gostaria de me desculpar pela demora deste último post e por não
publicar outros enquanto trabalhava neste em especial, pois nestas
semanas estou participando na organização de alguns eventos que só
me possibilitaram tempo para dedicar-me a um assunto. Além da
dificuldade de tempo, confesso que este post foi um dos mais
trabalhosos com que me deparei, porém nosso Deus sabe de todas as
coisas e creio que este tempo de estudo, oração e dedicação no
assunto não estava fora do conhecimento Dele. Esta é a última
história de “Eles chamaram a atenção de Jesus” e a
oportunidade para Deus falar particularmente em cada coração,
portanto querido leitor, leia esta mensagem com o coração aberto e
esteja sensível ao falar do Espírito Santo, pois a Palavra de Deus
não volta para Ele vazia (Isaías 55:11). Boa reflexão!
Tamanho
não é documento...
Lucas
19:1-10
O tempo da
crucificação estava cada vez mais próximo e Jesus já estava a
caminho de Jerusalém. Pela possível trajetória de Jesus à
Jerusalém, Jericó não entraria necessariamente no roteiro das
cidades que rumavam para lá, porém Ele desviou-Se da trajetória
atual para passar através de Jericó. Jesus não era um viajante
inexperiente, mas havia uma razão para tardar a chegada ao Seu
destino.
Foi chegando a Jericó
que o Senhor restaurou a visão a Bartimeu e curou a mulher da
hemorragia. Porém a missão do Mestre naquela região ainda não
havia se completado. Nesta mesma cidade residia Zaqueu, chefe dos
publicanos (cobradores de impostos). Sua posição certamente o
favorecia economicamente, mas para isto ele tinha de pagar um preço:
ser odiado por seu próprio povo. A sociedade não o tinha em estima,
pois cobradores de impostos eram considerados mercenários por seus
conterrâneos e ironicamente considerados traidores pelos Romanos (a
quem prestavam este serviço), pois extorquiam o próprio povo. Como
se não bastasse a rejeição social, Zaqueu era um homem de pequena
estatura, o que possivelmente fazia-o alvo de comentários, olhares e
brincadeiras inconvenientes. Esta aí um homem que, segundo a
compreensão popular e religiosa da época, tinha todas as
características de quem passa despercebido ou é desprezado diante
dos que se consideravam “santos”... Era rotulado um potencial
pecador. Mas Zaqueu não era tão pequeno e insignificante diante
daquEle que de fato É Santo!
Apesar do desprezo,
este chefe dos publicanos tinha status econômico. O dinheiro pode
ter dominado por muito tempo o trono do seu coração, mas naquele
momento o coração de Zaqueu desejava apenas uma coisa:
“Ele queria ver quem
era Jesus, mas ão podia por causa da multidão, por ser ele de
pequena estatura”. (v 3)
Creio que a descrição
bíblica “ele queria ver quem era Jesus” não é relativa, mas
pessoal. Não está relacionada ao que Jesus fazia, tampouco aos
acontecimentos que giravam em torno Dele, mas esta descrição foca
na própria pessoa de Jesus Cristo . Ao contrário da maioria que
estava ali pelos fatores externos, Zaqueu queria ver de fato quem era
a pessoa denominada o Cristo, ou seja, o Ungido de Deus.
Mais uma vez a figura
da multidão está presente cercando o Mestre, dificultando o acesso
à Ele e no caso do pequeno Zaqueu, dificultando até mesmo a visão.
Não é por um acaso que nestas 3 histórias a multidão aparece como
elemento de dificuldade ou desmotivação. Atualmente a figura da
multidão pode ser representada por tudo o que dificulta e obstrui o
nosso acesso e visão de Cristo. As tribulações (vistas da ótica
natural distorcem nossa visão de Cristo), pessoas negativistas ou
que aparecem em nosso caminho simplesmente com o propósito de nos
afastar do Senhor e a ostentação pelas coisas deste mundo sugerem a
multidão dos nossos dias.
Ser pequeno parece ser
outra dificuldade. Agora não me refiro à altura, mas a pequenez do
nosso “ser”. O “ser pequeno” em si não é o problema, mas a
forma como muitos lidam com este estado interior. Para alguns
“sentir-se pequeno” pode ser sinônimo de dois sentimentos:
inferioridade e rejeição. Associado a acontecimentos passados ou
atuais, esta ideia de se sentir pequeno pode ser resultado da
rejeição ou ausência dos pais, inferioridade diante do sucesso de
outras pessoas, desvalorização pela sociedade. Toda essa carga pode
criar uma falsa ideia de que o indivíduo é pequeno demais para ser
visto por um Deus no qual a “multidão” faz parecer estar longe.
O “ser pequeno”
que devemos considerar está associado ao fato de sermos dependentes
de Deus. A nossa natureza humana caída nos limita, tornando-nos
pequenos no modo de pensar, de ver, entender, amar e viver uma vida
plena. É mediante o nascer de novo que obtemos a plenitude do “ser”.
Quando Cristo vive em mim posso viver de maneira plena, pois Ele
transcede minhas limitações.
Zaqueu, talvez que
inconsciente, desejava esta plenitude. Por essa razão correu adiante
e subiu numa figueira brava para ver o Mestre, pois Ele passaria por
ali (v 4). Ao passar por debaixo da árvore, Jesus instantaneamente
olhou para cima e chamou Zaqueu pelo nome (v 5). Desta vez não foi
necessário gritar para Jesus nem ao menos tocá-Lo. Antes mesmo de
entrar em Jericó, o Senhor conhecia muito bem quem estaria em cima
daquela árvore: um cobrador de impostos pequeno na altura e no ser,
rico em posses, porém rejeitado pela sociedade, com um coração
desejoso não de ver curas extraordinárias ou pães e peixes se
multiplicando, mas um coração desejoso de ver quem Ele era e a
oportunidade de um milagre maravilhoso. Aqui entendemos o desvio de
Jesus para esta cidade: Ele foi atraído a Jericó (talvez o maior
incentivo) pelo que estava no coração de Zaqueu.
Jesus pede para que o
pequeno homem desça rápido, pois Ele queria ficar em sua casa
“hoje”. É importante prestarmos atenção no sentido do que
Jesus disse e sua duplicidade: Quando Ele diz “quero ficar em sua
casa hoje”, o ficar não se refere à uma hospedagem comum,
mas a uma permanência especial. O hoje não limita essa
permanência àquele dia apenas, mas “de hoje em diante”. A
duplicidade desta frase está na palavra casa. Jesus não quer
apenas permanecer numa casa física (provavelmente de blocos de
pedra), mas a primeira qualidade de casa à qual Jesus se refere é o
lar de Zaqueu e sua família. A segunda qualidade de casa na qual
Jesus deseja permanecer afirma o amor incondicional do nosso Deus.
“Quero ficar em sua casa hoje” na verdade é Jesus dizendo
“Zaqueu, quero ficar em seu coração hoje, transformá-lo e fazer
morada permanente nele”!
Como a Palavra de Deus
é poderosa! Apesar de Jesus ainda não ter consumado sua obra na
cruz, ascendido ao céu e enviado o Espírito Santo, Ele deu a Zaqueu
a perspectiva do que estava prestes a acontecer após o cumprimento
de sua missão neste mundo. Certamente havia pessoas “melhores”
que Zaqueu, com vidas exemplares, fiéis observantes da lei e
melhores aceitos pela sociedade, porém Jesus quis ficar na casa de
um cobrador de impostos, mal visto e desprezado pela sociedade (v 7).
O Mestre não deu maior importância a quem Zaqueu era naquele
momento, mas a quem ele se tornaria em breve. Esta, queridos
leitores, é a graça de Deus sobre os homens!
Zaqueu imediatamente desceu da árvore e recebeu Jesus com alegria
(v 6)! Que momento maravilhoso: o cobrador de impostos recebe Jesus
em sua vida, e o Santo entra na vida de um pecador potencial
trazendo! A manifestação desta salvação está na transformação:
“Zaqueu
levantou-se e disse ao Senhor: ‘Olha Senhor! Estou dando a metade
dos meus bens aos pobres; e se de alguém extorqui alguma coisa,
devolverei quatro vezes mais”.
“Jesus lhe disse:
‘Hoje houve salvação nesta casa! Porque este homem também é
filho de Abraão”...(v 8 e 9)
A presença de Jesus
na vida de Zaqueu trouxe-lhe salvação. A salvação gera
arrependimento, e o arrependimento gera necessidade de transformação.
Estas são as características da vida na qual Cristo ficou.
A presença do Senhor no viver do ser humano não é passiva, mas
ativa. Esta Presença transforma a maneira de viver, ações,
pensamentos, escolhas e tudo o que engloba nosso ‘ser’! Naquele
dia, houve salvação na casa de Zaqueu, e a primeira ação
transformada que este homem teve foi a de ressarcir os que
foram prejudicados por suas ações pecaminosas. Querido leitor, não
existe salvação sem transformação! Aquele que se diz salvo e
permanece na velha vida, praticando os mesmos pecados, pensando e
agindo da antiga maneira, engana-se, pois “Ninguém põe remendo
de pano novo em roupa velha, pois o remendo forçará a roupa,
torando pior o rasgo. Nem se põe vinho novo em vasilha de couro
velha; se o fizer, a vasilha rebentará, o vinho se derramará e a
vasilha se estragará. Ao contrário, põe-se vinho novo em vasilha
de couro nova; e ambos se conservam” Mateus 9:16 e 17.
Zaqueu foi um dos
personagens que se destacaram na trajetória bíblica. O Enredo de
sua história foca a Salvação, porém é rico em cura (interior),
ressurreição (da auto estima) e provisão (de alegria). Muitas
vezes lemos a história, ouvimos a pregação, cantamos a música,
mas não notamos com tanta relevância os milagres que ocorreram a
partir da descida daquela árvore.
Concluímos com estas
3 histórias que, quantas vezes forem necessárias Jesus tornará a
desviar-se do seu rumo atual para ir em busca daqueles que lhe
chamaram a atenção. Seja um pobre cego, uma mulher simples ou um
rico infeliz, Jesus não será atraído por sua aparência física,
posição social/econômica ou preferência cultural... Se você
quiser chamar a atenção do Mestre, basta a fé e um coração
aberto para Ele. Certamente Este Jesus irá encontrá-lo, pois “o
Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido” (v
10)! É para isso que Ele veio e é para isso que Ele vem!
Um forte abraço!
Carol Mattos
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